3 de novembro de 2015

MAGNUS CHASE e os Deuses de Asgard – A Espada do Verão


Rick Riordan volta a sua velha fórmula e aos mitos da antiguidade para criar mais um best-seller infanto-juvenil. Magnus Chase está para fazer 16 anos e não, sua vida não tem nada de ‘sweet 16’, pelo contrário. Há dois anos sua mãe faleceu e desde então ele vive nas ruas de Boston. Seus únicos amigos são dois sem teto mais velhos, Blitz e Hearth.

Porém, tudo muda quando seus tios e sua prima, Annabeth, começam a procurar por ele. De repente ele é posto frente a frente com um gigante do fogo nórdico, evoca do rio congelado de Boston uma espada legendária, e morre.

Sim, Magnus Chase, nosso herói semi-deus nórdico, morre logo no primeiro capítulo. Mas calma, isso não é spoiler! E calma, isso não é ruim. Pois ele é levado pela valquíria Samira para Valhala, o local para onde vão aqueles que morrem em batalha, nobremente, com uma arma na mão (isso na mitologia nórdica).

É claro que lá Magnus vai descobrir que é filho de um deus nórdico, terá uma missão a cumprir em poucos dias para só assim provar seu valor. Sim sim, você já viu tudo isso em Percy Jackson e também em Heróis do Olimpo. Isso é ruim, certo? A verdade é que depende.

Depende do gosto de cada um. Eu já conheço e aceito essa fórmula do tio Rick. Gosto da maneira como seus livros funcionam e de saber que sempre que pegar um livro dele eu vou gostar e vou me divertir. Então, é tudo uma questão de gosto e ponto de vista. Se você procura muita inovação, e já conhece outros livros do autor, Magnus Chase não vale a pena.


Mas calma! Nem tudo é óbvio nessa nova série. O fato de ela se basear na incrível e maravilhosa mitologia nórdica, ou seja, dos povos vikings, deixa tudo com um ar mais misterioso e aquela sensação de: não sei exatamente em que ambiente estou pisando. Mesmo eu, que conheço essa mitologia minimamente, não sei detalhes sobre ela, não sei de cor aqueles nomes de Deuses, mundos (são nove mundos diferente e coexistentes), o significado das runas, etc.

Tudo isso deixa o livro muito empolgante. Descobrir mais sobre essa mitologia e como ela se manifesta atualmente é o ponto alto e mais gostoso do livro. Com certeza outro ponto positivo é a narrativa. O livro é narrado em primeira pessoa pelo herói, Magnus, e assim como Percy, ele é revoltadinho, sarcástico e cheio de trocadilhos bobos que me faziam gargalhar.




30 de outubro de 2015

SORTEIO de 2 anos de canal e blog!



O blog e canal Stela Aquino (The Dandelion in Spring) está comemorando dois anos de existência. Para comemorar decidi sortear três kits de livros pra vocês! São todos livros novos e de editoras parceiras.

REGRAS: Para concorrer é muito fácil. Basta ser inscrito no canal do YouTube (http://youtube.com/stelaaquino) e também seguir o blog.

Para concorrer basta preencher o formulário a seguir:

Formulário

Você pode escolher se quer concorrer a apenas um dos kits, dois ou aos três!

BOA SORTE! :)




8 de outubro de 2015

Resenha Dupla: Neruda e A Febre

Teus Pés Toco na Sombra e Outros Poemas Inéditos– Pablo Neruda



Lançado pela editora José Olympio no mês passado, Teus Pés Toco na Sombra é uma coletânea de poemas inéditos de Pablo Neruda. Todos os poemas fazem parte do acervo da Fundação Pablo Neruda, criada em 1986 com intuito de preservar a obra do poeta chileno.
Todos os poemas dessa coletânea passaram pela revisão de Matilde Urrita, viúva de Neruda e sua terceira esposa. Matilde foi seu grande amor, a quem o poeta dedicou muito de seus famosos poemas de amor.

Desde 2011 a Fundação assumiu a tarefa de catalogar todos os manuscritos ou originais datilografados de Neruda. Dessa pesquisa surgiram os poemas desse livro. Poemas que não chegaram a entrar nas coletâneas publicadas anteriormente, poemas rascunhados e esquecidos, que não chegaram a ser concluídos, etc.

Os poemas contidos em Teus Pés Toco na Sombra são de diversos períodos do poeta, elas vão de 1950 até pouco antes de sua morte, em 1973. Os temas também são diversos. Há a divisão entre Poemas de Amor e Outros Poemas. Os temas mais abordados são o amor em seus mais diversos aspectos, sua pátria, o Chile e seu povo, suas viagens, a natureza, e política.

A edição é bilíngue, o que é ótimo para comparar o espanhol com o português. A diagramação também é muito bonita, inclusive há, no final, um fac-símile dos poemas originais.




A Febre – Megan Abbott


Lançado no mês passado pela editora Intrínseca, A Febre é uma promessa do mercado editorial para abarcar os fãs de thrillers psicológicos, principalmente os escritos por mulheres (Sim, na onda de Garota Exemplar, também publicado aqui no Brasil pela Intrínseca).

Megan Abbott tem uma escrita muito interessante. É sagaz, rápida sem ser frenética. Seus personagens têm um ótimo desenvolvimento psicológico, sem cair no drama extremo.

A Febre se passa em Dryden, uma pequena cidade dos Estados Unidos, que ganha os noticiários de todos o país porque na escola municipal uma doença misteriosa surgiu, uma doença que só afeta as garotas.

Deniee é uma garota do segundo ano do ensino médio. Num dia, antes da aula começar, sua melhor amiga Lise tem uma forte convulsão e desmaia. Ela vai para o hospital e entra em coma. Um dia depois, sua outra melhor amiga, Gabby também tem uma convulsão numa apresentação da orquestra, porém, mais fraca.

De repente várias garotas do colégio começam a ter os mesmos sintomas e enchem o hospital. Exames e mais exames são feitos, mas ninguém consegue descobrir o que as garotas têm.
A pesar de esse ser o fio condutor principal do enredo - a doença misteriosa, - o mais interessante são as histórias de vida das personagens dessa cidade, e os pontos de vista escolhidos pela autora para narrar essa história.


A Febre é um romance instigante, que você não vai querer parar de ler, e muitíssimo bem escrito.


16 de setembro de 2015

A Lista – Cecilia Ahern


Kitty Logan é uma jornalista de 32 anos, que há um ano tinha uma vida que parecia estar indo maravilhosamente bem. Trabalhava em uma revista respeitada, mas pouco lida, conseguira um emprego na tv, seu sonho de muito tempo, e morava com o namorado que ela amava.

Porém, graças a sua gana de fazer sucesso na tv, acaba confiando em duas fontes que não diziam a verdade e acusando um professor de educação física de abuso sexual. O caso vai para a justiça, o homem é inocente, e Kity e a rede de tv são processados, e a vida da jornalista se torna um inferno, com ataques a sua casa, seu namorado a abandona, e sua mentora na revista está morrendo de câncer.

Porém, pouco antes de falace, a editora e criadora da revista, Costance, diz para Kitty que a reportagem que ela sempre quis escrever está no arquivo, como ‘Nome’. Kitty deveria levar esse arquivo para a amiga e elas conversariam sobre a matéria. Porém Constance falece antes disso.



Kitty acaba com uma enorme lista de cem nomes e a missão de escrever a última matéria de sua grande amiga. Porém, como encontrar essas pessoas? Qual a ligação entre elas? O que Constance queria com essa matéria? Como ela gostaria de organizar essa matéria?

Com pouquíssima credibilidade na revista, contando apenas com a força do viúvo de Constance e de seu amigo de faculdade, Steve, Kitty deve encontrar essas pessoas, reencontrar o rumo de sua carreira e de sua vida pessoal. Em meio ao caos, é claro.

A premissa de ‘A Lista’ é interessante, cativante. Os primeiros capítulos não são dos mais originais, mas deixam o leitor com vontade de saber mais sobre aquela jornalista que um dia foi uma garota entusiasmada, mas que acabou se tornando ávida pela fama e pelo ‘furo’ jornalístico, a ponto de cometer um erro crasso e acabar com a vida de um simples professor.


Porém, a medida que a história deveria avançar, fica claro que a autora não sabia exatamente o que ela queria com esse livro, que tipo de personagens ela queria criar, e muito menos como sair do clichê e do óbvio com sua história. O livro tem 380 páginas, das quais mais de 100 são desnecessárias. Kitty até encontra alguns personagens interessantes e cativantes durante sua jornada pela Lista, mas nada que faça o livro valer a pena.

Para mim o pior problema de A Lista é sua obviedade. Eu simplesmente podia prever os diálogos, as descrições, e os desfechos. É tudo simplista demais, forçado demais. A autora irlandesa, Cecilia Ahern, era uma escritora que eu queria conhecer. Já ouvi dizer que ela tem, sim, livros muito melhores, mas não darei essa segunda chance a escritora.

(P.S.: Se você é muito fã da autora, muito fã do gênero ou ambos, vale a pena dar uma olhada no livro).

(P.S. 2: Se você se sentiu ofendido pela minha opinião, não se sinta. Ela é apenas uma opinião pessoal de uma leitora que é crítica e criteriosa com o que lê, apenas isso.)


2 de setembro de 2015

Recebidos: Loja Pai Bárbaro


A loja online de acessórios geeks Pai Bárbaro entrou em contato comigo me convidando a mostrar para vocês, leitores do Blog e assinantes do canal, um pouco mais sobre a loja e os produtos que ela oferece, além de oferecer um cupom de desconto especialmente pra vocês!

Para usar o cupom é muito fácil! Basta escolher os itens desejados e, na hora da finalização da compra adicionar o cupom, que é StelaAquino e pronto! 5% de desconto automaticamente!

Sobre os produtos que a loja me mandou, um é uma pulseira linda, em estilo steam punk, baseada na saga Harry Potter. Ela trás um pingente das relíquias da morte, do pomo de ouro, e duas corujas.


Link do produto: http://www.paibarbaro.com.br/pd-1d4193-pulseira-couro-pomo-de-ouro-harry-potter-reliquias-da-morte.html?ct=70f2f&p=1&s=1


Já o colar é a 'Estrela Vespertina', usada pela elfa Arwen na trilogia Senhor dos Anéis.
As duas peças são de muita qualidade, vieram muito bem embaladas e chegaram rápido até a minha casa. 

Link do produto: http://www.paibarbaro.com.br/pd-dd79b-colar-arwen-senhor-dos-aneis-estrela-vespertina-evenstar.html?ct=76efa&p=1&s=1

Para mais detalhes veja o vídeo e as fotos! :)




28 de agosto de 2015

Darth Vader e Filho e A Princesinha de Vader


No mês passado, em comemoração ao dia dos pais, a editora Aleph lançou dos livros de tirinhas que são dois verdadeiros mimos para os fãs de Star Wars e do personagem (maravilhoso) Darth Vader.

Trata-se de dois compilados de tirinhas publicadas anteriormente online, do cartunista americano Jeffrey Brown, no qual ele ilustra situações inusitadas da vida do vilão da série criada por George Lucas enquanto tenta criar seus gêmeos, Luke e Leia.



É claro que as situações são imaginárias, já que na saga original Luke e Leia são criados separadamente, não sabem que têm irmãos, muito menos que têm um pai que quer dominar a galáxia usando o lado negro da força.

Ambos os livros são um primor, as ilustrações são muito bonitas e detalhadas, a diagramação da edição brasileira está linda, e o humor é simples, atingindo crianças, jovens e velhos com a mesma precisão, mas sem nunca deixar de ser inteligente.

Para os fãs 'old school' da franquia Star Wars, o mais legal é ver frases e cenas célebres dos filmes em um contexto diferente, como na imagem abaixo.


'Darth Vader e Filho' foca a infância de Luke Skywalker e as dificuldades de Vader em cria-lo, Já em 'A Princesinha de Vader' o foco é a relação com a filha Leia, desde a infância, com chá de bonecas, até a adolescência, com as variações de humor e o namoro com Han Solo.  




17 de agosto de 2015

Isla e o Final Feliz - Stephanie Perkins


Isla (se pronuncia Aila) é tímida, ruiva e baixinha, está para começar seu último ano no colegial, em uma escola americana em Paris. Desde seu primeiro ano ela nutre uma paixão secreta por Josh, um garoto calado, que passa a maior parte do tempo desenhando, e que até o ano passado era comprometido.

Os dois personagens aparecem no primeiro romance da autora, ‘Anna e o Beijo Francês’, quando o leitor é apresentado a escola - SOAP, sua rotina, à cidade de Paris, e aos encontros e desencontros amorosos desses jovens sonhadores e divertidos.

Porém, nesse novo livro, somos transportados à mente de Isla, que só tem um amigo, Kurt, é a melhor aluna de seu ano, e, apesar disso, não tem a menor ideia do que fazer com seu futuro. Através dos seus olhos também podemos mergulhar na personalidade inquieta de Josh, que apesar de saber muito bem o que quer fazer no futuro - ser cartunista - não dá a mínima pra escola e está sempre descumprindo as regras, faltando as aulas, passando os fins de semana em outros países, etc.



A narrativa tem início quando, mais ou menos um mês antes  das aulas começarem, os dois jovens se encontram em uma cafeteria em Nova York, em uma noite chuvosa e em que Isla está sob o efeito de fortes analgésicos, e por isso, vence suas inseguranças e começa a conversar com sua paixão platônica de longa data. Os dois conversam despreocupadamente, mas, nos dias que se seguem, Josh some da cidade, o que deixa Isla triste e preocupada.

Com o início das aulas os dois logo desenvolvem uma amizade, que não demora a virar um amor louco, porém, antes de encontrarem seus caminhos na vida e seus finais felizes, cada um deles têm de enfrentar seus fantasmas pessoais, suas inseguranças e medos.

Stephanie Perkins constrói, nesse seu último livro, uma trama mais simples do que em 'Anna e o Beijo Francês', porém com personagens mais complexas, cenas mais fortes, psicológicos mais perturbados, e uma narrativa deliciosa, que faz com que o leitor não tenha vontade de largar o livro.




5 de agosto de 2015

Jurassic Park, Game of Thrones e Mal-entendido em Moscou

Jurassic Park - Michael Chrichton




Quando o médico e autor americano Michael Chrichton teve o primeiro vislumbre de uma história que envolvesse clonagem de animais extintos,em 1985, a história era muito diferente e era também um roteiro para cinema. Depois de abandonar a ideia inicial, Michael se concentrou em escrever um romance, no qual não se depararia com algumas limitações que o roteiro cinematográfico encontra (tempo, dinheiro, efeitos visuais, etc). Da primeira ideia só a clonagem de dinossauros sobreviveu e sua abordagem se ampliou para criar todo um universo emblemático, que poucos anos depois (1993), ele mesmo ajudaria a roteirizar para que Steven Spielberg transformasse em um dos grandes filmes de sua carreira.

No livro, publicado pela primeira vez em 1990, o paleontólogo Dr. Grant recebe um intrigante fax de um centro de pesquisa na Costa Rica. Uma garotinha americana, passando férias no pais, alegou ter sido mordida por um lagarto com uma estranha característica: ele se equilibrava em suas patas traseiras, de não cinco dedos, e sim apenas três. Pouco depois um biólogo consegue uma parte, já mastigada por um macaco, dessa nova espécie de lagarto. O raio- x dessa amostra é enviado ao Dr. Grant, que, com surpresa, o identifica como um pequeno dinossauro extinto a milhares de anos.


É então que começa nossa jornada até o Jurassic Park e ao centro da aventura. Ao contrário do filme, que se concentra apenas na ação e no suspense, o livro de Chrichton levanta questões muito relevantes sobre como o homem vem interferindo, arbitrariamente e só buscando lucros pessoais, na natureza, assim como a necessidade de se achar um novo paradigma que norteie a ciência do século XXI, tudo isso na figura de seu personagem mais interessante, o matemático Ian Malcoln.

Edição belíssima cortesia da Editora Aleph

Game of Thrones - George R. R. Martin



No primeiro livro da série 'Crônicas do Gelo e Fogo' (A Song of Ice and Fire), Martin introduz com muitos detalhes o leitor no mundo de Westeros, por ele criado. Somos apresentados, principalmente, a família Stark, que governa o Norte do reino desde os tempos primordiais, e a família Lannister, uma das mais antigas, rias e poderosas famílias dos Sete Reinos. 

São muitos personagens e muitas diferentes histórias acontecendo paralelamente. Acho que o principal aqui é falar sobre a minha experiência com um livro tão aclamado, tão comentado. A escrita de Martin é herdeira de Tolkien, não só por criar mundos, criaturas, povos e até línguas novas, mas também pelo tom épico e pelo acesso de detalhes. Cada elemento que aparece na narrativa é descrito, às vezes, à exaustão. 

Porém, é impossível não se deixar envolver pela história, pelos jogos de poder, pelas artimanhas e surpresas que ocorrem ao longo da leitura. Apesar de lenta, no fim, ela foi muito prazerosa.

Mal-entendido em Moscou - Simone de Beauvoir



Nessa novela longa, até então inédita no Brasil, Simone narra a história de um casal parisiense em sua segunda viagem à União Soviética da década de 60. Narrado todo em terceira pessoa, mas ora sob a perspectiva do marido, ora pela perspectiva da mulher, o conto tem o poder de nos transportar para a mente e a alma dessas duas personagens que estão passando por um momento de crise.
A crise é que ambos sentem o peso da idade, e percebem, frustrados, que já não são mais um casal de meia-idade, mais se aproximando de um casal idoso.

Além dos conflitos pessoais, que levam o casal a uma série de mal-entendidos, ainda há o conflito político vivenciado por André (o marido), que sempre acreditou em um ideal socialista, e se vê, frente a frente, com todos os absurdos soviéticos, que são contestados por sua filha, Macha, que vive no país e apoia o governo e suas medidas.

Apesar de muito breve, 'Mal-entendido em Moscou' suscita uma série de discussões profundas sobre diversos assuntos intrínsecos à condição humana, além de brilhantemente escrito.

Resenhas em Vídeo: 


30 de julho de 2015

Pequenas Grandes Mentiras – Liane Moriarty


A autora australiana já havia me surpreendido com seu primeiro romance publicado no Brasil – O Segredo do Meu Marido, mas com Pequenas Grandes Mentiras ela se consolidou como uma das escritoras mais brilhantes e promissoras da atualidade.

Não ache que Liane escreve livros ao estilo ‘chick lit’, que só podem agradar mulheres, com situações bonitinhas e engraçadinhas. Na verdade, seus romances não têm nada de diminutivos. São fortes, impactantes e envolventes. Seus personagens são cheios de facetas, muito bem construídos, assim como os diálogos e descrições. Não há espaço para enfeites desnecessários em sua prosa, assim como não há informação irrelevante.

Pequenas Grandes Mentiras conta a história de três amigas inusitadas. Jane é uma mãe solteira de 24 anos que acaba de se mudar para a região praiana de Pirriwee. Celeste é a mulher mais linda que todos já viram, mãe de gêmeos e casada com um lindo milionário. Madeline é perua, adora comprar uma boa briga e mãe de duas crianças, além de uma adolescente de seu primeiro casamento.


As três logo formam um forte laço, e nós, leitores, acompanhamos a trajetória dessas três mulheres fortes, mas que também têm um lado secreto, em que escondem inseguranças, medos, traumas do passado e do presente. A autora aborda com maestria as pequenas e grandes mentiras que cada um de nós contamos para sobreviver. Sejam elas as mentiras que contamos para os outros ou as que contamos para nós mesmos.

Desde o primeiro capítulo sabemos que, no fim dessa história, ocorreu um assassinato em uma festa da escola pública local, e ao final de cada capítulo temos relatos de personagens secundários sobre o ocorrido. Essa estratégia é perfeita para manter o leitor atento a cada detalhe, construindo a cada momento hipóteses: quem morreu? Quem matou? Por que matou? Entre tantos outros mistérios que vão surgindo conforme a leitura.

Em resumo, Pequenas Grandes Mentiras é daqueles livros que você não quer largar, cheio de surpresas e reviravoltas. Ao final você sente vontade de ler tudo outra vez, sobre outra ótica. Assustadoramente bom.


 Nicole Kidman e Reese Witherspoon adquiriram os direitos da trama para transformá-la em uma série de tv, que ainda não tem data de estreia, mas será transmitida pela HBO. Aguardemos. 


25 de julho de 2015

Para todos os Garotos que já Amei - Janny Han


Lara Jean sempre viveu uma vida confortável e sem muitos problemas ao lado de seu pai obstetra e suas duas irmãs, kitty, de nove anos, e Margot, a irmã mais velha, que desde de a morte da mãe assumiu a incumbência de cuidar da casa. Margot sempre foi a irmã racional, extremamente organizada e responsável.

Porém, Margot está de mudança para a Escócia, onde fará a faculdade, e Lara Jean se vê obrigada a assumir todas as responsabilidades da irmã mais velha – cuidar da casa, da irmã mais nova, das compras de supermercado, etc.

Acostumada a não sair de seu casulo, Lara Jean nunca se expôs e sempre guardou seus sentimentos só para si. Para cada garoto que ela já amou ela escreveu uma carta, mas só quando quando queria acabar com aqueles sentimentos. Ao terminar, fechou os envelopes, as endereçou e as guardou em uma caixa de chapéu azul petróleo, presente da sua mãe falecida. Mas nunca as enviou. Até que um dia todas essas cartas somem e são enviadas para esses garotos.



Lara Jean então tem que confrontar seu melhor amigo, Josh (e namorado de Margot), e o garoto mais popular da escola, Peter, que receberam suas cartas confessando seus sentimentos. E cada vez que tenta tornar as coisas mais fáceis, elas ficam mais e mais enroladas, criando situações hilárias, fofas e sensíveis, em uma história de amor não só entre garotos e garotas, mas também entre irmãs e pais e filhos.

A relação entre as irmãs Song, que tentam manter viva a memória da mãe coreana, é um dos pontos mais legais do livro, não só pela relação muito bonita das meninas, mas também pelo fato das garotas serem meio coreanas, algo pouco comum na literatura americana, tão dominada por garotas louras, brancas, magras e populares.


Em resumo, ‘Para todos os garotos que já amei’, é uma leitura prazerosa, rápida, e que faz a gente se lembrar de porque gostamos tanto de histórias para adolescentes, cheias de reviravoltas, casais inusitados, momentos de drama e claro, a escola (personagem essencial). Eu, pessoalmente, me identifiquei muito com a personagem principal. Assim como eu Lara Jean é uma garota que gosta de ler, ficar em casa, lendo, vendo tv, fazendo bolos e tricô. Por ter gostado tanto dessa leitura eu a concluí em um único dia, algo extremamente raro.


22 de julho de 2015

Viagem à Gonçalves - Minas Gerais


Em um fim de semana de Julho, eu, mamãe e padrasto fomos visitar a pequena e fofa cidade mineira de Gonçalves, que fica no Sul do estado. A cidade é serrana, envolta em um mar de montanhas verdes e de araucárias.

Vale a pena visitar se você gosta de lugares friozinhos, aconchegantes e cheios de lugares com comidas gostosas - café passado na hora, bolos de vovó, queijos e outras guloseimas.

Nós nos hospedamos na pousada Trem das Cores, que tem casinhas para quatro ou mais pessoas, conta com lareiras nos quartos e uma cozinha com fogão à lenha!

A cidade também é um ponto de turismo ecológico e de aventura.


Orvalho pela manhã 

Eu e mamãe junto as belas araucárias e o frio.

Belo achado em um café, obras completas de Monteiro Lobato, Eça de Queirós e Machado de Assis.


Flor de Cerejeira aka Sakura

Mar de araucárias

Aproveita e veja o vlog da viagem:

2 de julho de 2015

Watchmen – The Deluxe Edition

Alan Moore e Dave Gibbons 


Essa edição maravilhosa é a edição americana de luxo de Watchmen, e foi um presente muito especial de aniversário que ganhei do meu namorado. Para os curiosos ele comprou na Amazon.com e eu não sei quanto custou.

A edição americana é muito mais caprichada que a edição brasileira, publicada pela Panini. Ela tem uma jacket em soft-touch, a folha de guarda é toda amarela, e as folhas de rosto também são muito caprichadas. Ao final de cada capítulo há algumas páginas que imitam publicações da época sobre cada herói (fac-símiles de revistas, jornais, arquivos, etc). As últimas páginas são dedicadas a esboços, arte conceitual, desenvolvimento de personagens e outros sketches.

Antes do primeiro capítulo há um prefácio excepcional escrito pelo ilustrador Gibbons em 2013. Ele explica que tudo começou com Bob Dylan e a canção ‘Desolation Row’, mais precisamente a frase “At Midnight all the agents and the superhuman crew. Come out and round up everyone that knows more than they do” (algo como “À meia-noite todos os agentes e o grupo de super humanos vêm e se juntam, todos que sabem mais do que eles sabem”).

O desenhista explica que quando watchmen surgiu, uma mera ideia, mal formada, em 1985, os quadrinhos eram uma forma de expressão à margem, algo de um nicho muito específico e que a maioria dos críticos desconsiderava, como diversão para crianças e nerds.

Watchmen é um marco na história da HQ americana por quebrar todas essas ideias pré-concebidas e expectativas. Originalmente publicada pela DC em 12 volumes de 1986 a 1987, o quadrinho conta a história de um grupo de super-heróis (na verdade heróis mascarados), que após anos lutando para manter a ordem em Nova York, se veem obrigados a se aposentarem, pois heróis agora são considerados ilegais.


Alguns desses heróis revelam suas identidades e passam a trabalhar para o governo ou para empresas privadas e se tornam milionários. Outros nunca revelam sua identidade e vivem uma vida comum. Apenas um deles continua a atuar, mesmo na ilegalidade. Tudo começa quando o Comediante é assassinado e uma série de investigações leva a crer que os heróis estão sendo eliminados, um por um.

Watchman é marcante pelas suas discussões profundas sobre ética e moral, tanto pessoal quanto cívica, além do seu alto grau de eruditíssimo. Não são poucas as referências à filosofia, literatura, música, artes visuais, psicologia, religião, entre outras áreas do conhecimento humano. Não é de se admirar que o quadrinho tenha ganhado todos os prêmios de sua área como também alguns nas áreas de literatura.

A famosa frase “Who Watches de Watchmen?” é de uma sátira do poeta e retórico romano, Juvenal: “Quis custodiet ipsos custodes”, ou seja “Quem vigia os vigilantes?”. Dessa maneira a história de Alan Moore é um grande questionamento sobre o poder, tanto da política e seus articuladores quanto às outras esferas de vigilância: a mídia, os cidadãos e a própria noção de super-herói incorruptível e acima do bem e do mal.


Wathchmen se passa em um futuro alternativo em que Nixon levou os EUA à vitória contra o Vietnã e está vivendo um momento de tensão extrema na Guerra Fria contra a União Soviética. O clima nas ruas é pesado e toda a história é cheia de desesperança quanto ao futuro, violência e apatia quando ao presente, o que reflete perfeitamente o espírito (ou para ser mais douta, o zeitgeist) daquela época.

Filme x Quadrinho


O filme baseado no quadrinho é de 2009 e foi dirigido por Zach Snyder (300, Batmans vs Superman, Esquadrão Suicida) e está disponível no Netflix. Ele é visualmente muito bem produzido, com frames que lembram ou então são reconstituições exatas dos quadrinhos. Interessante ressaltar que quando Watchmen foi publicado, uma de suas revoluções foi trazer uma montagem de imagens que lembravam os frames do cinema.

Porém, o final do filme tem um elemento completamente diferente do quadrinho. O final da obra cinematográfica é uma saída mais fácil, tanto em termos de roteiro quanto de montagem. Seria difícil filmar o mesmo final do quadrinho, assim como seria bem mais difícil explica-lo para o público.

Na minha opinião o final escrito por Moore é mais impactante e faz as questões morais e éticas serem pensadas ainda mais profundamente. Watchmen é um quadrinho que você precisa ler pelo seu peso no mundo da arte e da comunicação, e se você, como eu, gosta de quadrinhos e cultura pop é uma leitura mais do que essencial.