26 de março de 2015

A Mais Pura Verdade – Dan Gemeinhart


Em seu primeiro romance o americano Dan Gemeinhart narra a história de Mark, um garoto de cerca de 10 anos que decide fugir de casa, levando uma mochila, uma máquina fotográfica analógica e seu cão vira-lata, Beau.

Apesar de querer ser como todas as crianças e fazer coisas normais de criança: ir à escola, brincar a tarde com sua melhor amiga Jessie e fazer viagens, Mark cresceu entre consultórios médicos e hospitais, além de longos períodos trancado em casa e vendo seus pais chorarem.

Agora, ao saber que sua doença voltou, Mark toma uma decisão importante: Não irá mais se tratar. Ele vai realizar seu grande sonho de escalar o Monte Rainier, conforme um dia prometeu a seu avô.


Apesar de parecer mais uma história triste sobre o câncer e suas dificuldades, Dan Gemeinhart dá um novo enfoque ao tema, mostrando a visão de uma criança que sente que seu tempo de vida na Terra está se esgotando.

É incrível entrar na cabeça de Mark, nos capítulos narrados por ele, e notar as diferentes emoções que o tomam a cada momento. Revolta, raiva, tristeza e inconformidade em alguns momentos, e alegria, gratidão e esperança em outros. O leitor realmente adentra um coração dividido entre a certeza da morte e a vontade de viver.


Porém, não se deixe enganar achando que esse é um daqueles livros que vai te fazer chorar de soluçar e perder o sono. Mark é um garoto de bom coração, assim como sua melhor amiga, que narra os capítulos intermediários. As mensagens que os personagens passam são sempre cheias de amor e lealdade.

Como professor de uma escola primária, Gemeinhart sabe escrever para o seu público, assim como retratá-lo sem cair em clichês ou melodrama. Indicado para jovens leitores, a partir dos 10 anos. Com certeza você irá se emocionar com a coragem de Mark, a bondade dos personagens secundários, e se apaixonar por Beau, seu fiel escudeiro.




13 de março de 2015

Colonia del Sacramento - Uruguai

Voltando a falar da viagem láááá do final do ano, vou contar pra vocês como foi nosso 4ª dia no Uruguai. 

Acordamos super cedo e fizemos check out do hotel. Dissemos adeus à Montevidéu e fomos só nós três (eu, mamis e meu padrasto) junto a um guia para a cidade de Colônia del Sacramento, que fica a umas três horas da capital. 





Colonia é a cidade mais antiga do Uruguai, e foi fundada pelo português Manuel Lobo (Governador da Capitania do Rio de Janeiro) em 1680. A cidade ficou muitos anos passando das mãos dos portugueses para as dos espanhóis, e vice-versa. Por isso mesmo o local tem traços das duas arquiteturas, lembrando às vezes muito as nossas cidades históricas de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Colonia é um Patrimônio da Humanidade reconhecido pela UNESCO. E a cidade é maravilhosa mesmo. O centro histórico é o grande charme, com suas ruas de paralelepípedos e casarões antigos. A praça principal conta com a catedral e a casa de Manuel Lobo.








Na praça central também há muitos restaurantes e barzinhos cheios de turistas, afinal essa é a principal  fonte de renda da cidade. No dia em que estivemos lá o calor estava insuportável, o que fez com que cada pequena andada pela cidade nos deixasse cansados, e por isso não aproveitei tanto. Eu queria filmas e fotografar cada cantinho, pois sou apaixonada por cidades históricas.

Foi lá também que provei o sorvete artesanal mais maravilhoso do mundo, que colocou as super famosas Freddo e Baccio de Latte no chinelo. Tomei um sorvete de framboesa e de doce de leite fantástico.

Existem três pontos turísticos 'principais': A antiga muralha que cercava a cidade, a praça de armas e a Calle dos Suspiros (Rua dos Suspiros). Essa rua fica perto do porto e era onde ficava o bordel da cidade, então, quando os marinheiros aportavam na cidade, iam para essa rua, e suspiravam pelas belas mulheres. 




Outro ponto turístico muito bonito é a antiga arena de touradas. A construção é linda, mas por não ser  mais usada (graças a Deus as touradas são proibidas no Uruguai há anos) está se deteriorando e virou casa para os pombos da cidade.

Lá pelas 4:00 da tarde fomos para o porto de Colonia onde pegamos o BuqueBus, um barco hiper confortável que faz o trajeto Colonia - Buenos Aires. As passagens já haviam sido compradas aqui no Brasil. Mas Buenos Aires é assunto pra outro post  ;)

Colonia foi sem dúvida um dos lugares mais lindos que já conheci, e espero um dia voltar lá com menos sol e mais tempo. Não deixe de conferir o vlog desse dia no canal. 

8 de março de 2015

O Conto da Princesa Kaguya (Kaguya Hime no Monogatari, 2014)


Vou repetir aqui no blog o que já disse lá na página do Facebook. Kaguya Hime não é um filme, não é uma animação. É uma obra de arte sublime e primorosa. Dirigido por Isao Takahata, co- fundador do célebre estúdio japonês de animação Ghibli, e produzido da maneira tradicional (com lápis, tinta e papel), o longa é uma adaptação de uma das lendas mais antigas do Japão. 

O Cortados de Bambu ou Kaguya Hime, como é conhecido, conta a história de um pobre cortador de bambu, que um dia encontra uma menina muito pequena dentro da planta e então começa a cria-la, junto com sua mulher, como sua filha. Em seguida, o cortador começa a achar ouro dentro entre os nós do bambu, o que o leva a crer que sua filha adotiva é uma princesa vinda do céu e merece ser criada como tal, com uma educação formal e luxo.

A animação segue a história milenar à risca, passando pelos anos de educação da princesa, os 5 nobres que a cobiçam, até sua beleza chegar aos ouvidos do Imperador, que a quer como sua esposa. Porém, como é marca registrada do estúdio Ghibli, cada passagem é repleta de magia, beleza e inúmeros significados. Não se deixe enganar, Kaguya Hime não é um simples conto de fada com final feliz, com uma única moral da história. É um filme que mostra diferentes e complexos conflitos da alma humana e do mundo que nos cerca.




É preciso exaltar a maestria de Takahata, que produziu uma animação tecnicamente impecável, que difere da mesmice do 3D, é extremamente autoral, e mescla estilo ‘aquarela’ com pintura a ‘lápis’, cenários maravilhosos e narrativa emocional. A trilha sonora de Joe Hisaishi também é uma obra de arte, se casa perfeitamente com os momentos mais alegres e parados do filme, mas também é responsável por dar mais emoção (visceral) as cenas mais ágeis e tristes.


Infelizmente a Academia não o premiou com o Oscar de melhor animação, por não ser um filme americano, mas Kaguya é a essência da boa animação, a combinação de arte e magia. Só tome cuidado se você não tem intimidade com a animação não americana. A narrativa é lenta e subjetiva, e o filme tem 2 horas de duração.